Ode ao Fracasso
Muitos profetas falharam, as suas vozes silenciosas
gritos de fantasmas nos porões ninguém ouviu risos empoeirados nos sótãos de família
nem os olhou nos bancos do parque chorando de alívio sob o céu vazio
Walt Whitman deu vida aos perdedores locais - coragem a Gordas Mulheres no Espectáculo de Horrores! nervosos
prisioneiros cujos lábios abigodados escorriam suor para as linhas da comida -
Mayakovsky gritou, Então morra! o meu verso, morra como a fila dos trabalhadores & os fuzilados em
Petersburgo!
Próspero queimou os seus livros de poder & mergulhou a sua varinha mágica no fundo dos mares de dragão
Alexandre, o Grande, não conseguiu encontrar mais mundos para conquistar!
O fracasso, eu canto, seu nome aterrorizante, aceita-me teu velho Profeta de 54 anos
em Fiasco Eterno! Junto-me ao teu Panteão de bardos mortais, & apresso esta ode com alta
pressão arterial
correndo para o topo do meu crânio como se não durasse mais que um minuto, a Gália Moribunda!
para
Ti, Senhor do cego Monet, surdo Beethoven, Vénus de Milo sem braços, Vitória Alada sem cabeça!
Falhei em dormir com todos os rapazes barbudos
de faces rosadas que masturbei
As minhas tiradas não destruíram nenhuma União Intelectual do KGB & CIA em gola alta & cuecas,
os seus fatos completos de lã & tweeds
Nunca dissolvi plutónio ou desmantelei a bomba nuclear antes que o meu crânio perdesse cabelo
Ainda não detive os Exércitos de toda a Humanidade
em sua marcha para a III Guerra Mundial
Nunca cheguei ao Céu, Nirvana, X,
Coisa cujos nomes não lembro, nunca deixei a Terra,
Nunca aprendi a morrer.
Plutonian Ode (1977-1980)
Collected Poems 1947-1997
© 2006 Allen Ginsberg Trust
(HarperCollins Publishers e-books)
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa